Geografia é Amor!

O que é geografar senão falar de nós mesmos? Nós somos a Terra, o Céu, os Mares, as Casas. Somos nossa criação e o que fazemos dela. Nós somos o Espaço. Nós fazemos o Espaço. Então, deu certo... fomos nós. Se deu errado... também somos nós. O que é Geografar senão falar de nós mesmos.

sexta-feira, 18 de setembro de 2009

UM LUGAR CHEI DE BAIRROS



Perguntei pra minha sobrinha Aninha o que ela estava estudando de Geografia na escola. Antes, preciso dizer que a Aninha tem 8 anos e está na segunda série - era pra ser o primeiro ano, mas o Aécio, e outros mais, fez uma "gambiarra" da LDB (lei de diretrizes e bases da educação). Depois de pensar um poquinho ela falou: "municípios, to estudando municípios". Achei muito interessante e quiz logo saber mais:

- que legal, o que é um município?
- um lugar cheio de bairros?
- o que um bairro?
- bairro? é [pensa] um lugar cheio de ruas? (não preciso dizer que achei engraçado)
- e o que é uma rua? [insistente e chato]
- um lugar cheio de casas e não vai me perguntar o que é casa não.
- por que?
- por que essa resposta "cê" já sabe.


Pronto, passou a responsabilidade para mim. Vou ter que saber que "diabos" (com o perdão da palavra) é uma casa, mas pelo menos já sei o que é um município, bairro e rua. Se levar em consideração o que é uma casa de acordo com a minha estarei perdido por que então não saberei decifrar o que será o banheiro, o quarto, a cozinha e a caixa da Catarina (pra quem não sabe: minha cachorrinha). Isso por que, assim como a Aninha, eu tentaria disquinguir o que um "Todo" atravez das suas partes. Foi isso o que ela fez, perceberam?



Para entender o que é determinado conteúdo, no caso o município, ela sistematizou na sua mente as partes que o compõe, claro, de acordo com sua percepção mais simples: o município é um lugar cheio de bairros". Poderia continuar com as conceituações até na hora que tivesse que responder: "o que são coisas?" Mas a essa altura ela já estaria brigando comigo e partindo para ver TV [depois que inventaram isso ter filhos ficou tão fácil, melhor ainda quando criaram a escola integral, vulgo INTERNATO].

Muito se discute no meio acadêmico quanto a concepção que fazemos do conhecimento de modo geral. Conhecimento geral como o curso de atualidades? Perguntaria o afoito vestibulando ou o desesperado concursista. Não, responde o professor. A teoria do conhecimento, ou seja, da produção de conhecimento e do fazer e entender a ciência (tem um nome feio pra isso - epistemologia - que perde para muitos outros estudados na biologia e ninguém fala nada).


O que a aninha fez foi entender o "todo" através das "partes". Seria mesma coisa comigo se eu respondesse o que é uma casa dizendo, são os quartos, os móveis, os assaltantes e a dispensa vazia... Poderiamos ter muitas outras abordagens, até mais interessantes, teorizando sobre o que realmente é uma casa levando em conta o que ela representa: "um local de dormir", "ambiente onde moram pessoas", "um lugar que eu não tenho", etc.


Do mesmo jeito, podemos GeOgrafar levando em consideração estes aspéctos e perceberíamos que em certos casos se aplica e outros ainda é insuficiente. O município é um espaço cheio de bairros, pensamos na parte física, mas faltou dizer o que o distingue de outros espaços.


- Ah! É mesmo! O que é?
- Sua função por exemplo.
- Como assim?
- O município é uma divisão do espaço que contém certa automia política, como prefeitura, câmera municipal, conselhos diversos que estipulam a sua organização.
- Ah! Legal! Entendi!



Entendeu mais ou menos, mas não esqueçam que ela só tem oito anos. Logo, logo ela irá entender, principalmente quando foir obrigada a votar, apesar de que muita gente já faz isso e nem sabe pra que. Por enquanto nos vamos continuar assim: ora Geografando pelas partes, ora pela "berada", ora com uma visão total, ora não fazendo nada. Afinal, as vezes não falamos de nós mesmos.






Té...
A CHUVA QUE MATA

Há alguns dias atrás dei de frente com jornais e revistas que tinham em suas capas estampada a maior assassina de todos os tempos: A CHUVA. Na verdade não sei quem foi que inventou os sexos das palavras, mas me ensinaram a aceitar tudo que a escola ensina calado e desde então não passei a questionar mais a língua portuguesa e as tediosas aulas de gramática, nem as gororobas servidas na cantina que diziam ser a merenda. Justamente por isso, e somente por isso, os senhores TERREMOTOS, VULCÕES e FURACÕES continuam sendo os maiores vilões da face da Terra, enquanto que as TEMPESTADES e TORMENTAS são as “Floras e Nazarés” da vida natural.


É lastimável isso. Não preciso dizer aqui o tanto que a mídia quer do nosso sangue, ou melhor, da nossa grana, e o quanto ela é “independente”. Deve ser mesmo, tanto “neutra” quanto a ciência produzida pelo Painel Intergovernamental de Mudanças Climáticas [uf! Que nome grande!], o famoso IPCC, e seus cientistas que projetam cada vez mais matérias de tablóides do que resultados pertinentes. Mesmo envolvidos em escândalos sabemos o quanto a ciência (e a mídia?) são neutras e não precisa do co-coordenador do grupo 2 do tal Painel Intergovernamental de Mudanças Climáticas [cansei, não falo mais isso...], Osvaldo Canziani, me lembrar através da mídia [Dom. 8/4/ 2007 Estado de São Paulo] que “lobby de países poluidores é legítimo, mas lembra que ciência se faz de forma independente”.

Não to nem aí se o Mundo está mudando ou não (pelo menos aqui neste texto) ou se a Chuva foi forte, se foi Tempestade, se foi o primeiro Furacão (o que a deslegitimava como substantivo feminino) no Brasil ou uma garoa paulistana digna de uma Bossa Nova de Ipanema (eu disse Bossa e não Bosta). Agora vamos pensar um pouco e, lembrando da Tia Adélia e suas tediosas aulas de Gramática na quarta série, passaremos a estudar com o Tio Flávio e as alegres aulas de Geografia do maternal, Geografando. Primeiramente responda essa pergunta: A CHUVA MATA?

De repente veio à sua mente as aulas de Artes com a Tia Edilamar na terceira série e os lindos desenhos de Sol que você fazia. Um Sol sorridente, com óculos escuros, pessoas felizes, etc. (costumam esconder a verdade sobre desigualdade social, guerra santa, CIA, Garrastazu Médice e outras coisas às crianças, mas fiquem felizes: em troca elas recebem muita XUXA). Mas nos seus desenhos devem estar lá também o dia de chuva, o céu cinza, a cara de mal da nuvem cuspindo raios e derrubando árvores, essas árvores caindo sobre a fiação, tornando migalhas portões e muros. E o ventos, sempre fortes tiravam telhas, abriam buracos nas casas que a esta altura já estavam todas inundadas, com jibóias, jacarés e peixes-espadas dividindo a lama com o seu mais novo equipamento de som, a cesta básica que o Tio Lula mandou e o para-casa do Junim, este pedido pela Tia Esperança para segunda-feira. Era tão forte e mal toda essa cena que até os estrondos dos trovões (masculino, por sinal) saiam do papel. Tirando o Pedrim que a essa altura da Chuva já foi levado pela correnteza e está dentro de um buero no Anel Rodoviário. Era de arrepiar.

Mas aposto que o Schanx Wasktovans, aluno do mesmo ano que você à época, natural de Stranburgo, Alemanha, não tinha os mesmos desenhos que o seu. Provavelmente a Chuva, e seus derivados, para ele não era tão má como noticiava o Super, o Aqui e Jornais Nacionais. A chuva era alegre, com raios brilhantes, ventos felizes soprados da Corrente do México e a grama molhada diante de ótima infiltração e percolação. Sabe por que? Por que seu pai (o pai dele, do Schiaud WastosNsiss lá em cima, não o seu) recebeu educação de verdade na escola e se deu bem na vida, assim como a maioria dos seus amiguinhos. Com isso conseguiu bom emprego com um bom salário.

Agora com instrução (Geografia, diga-se de passagem), condição financeira e, principalmente, com apoio do Governo ele pôde construir uma casa eficientemente condizente com a realidade sócio-natural em que está inserido. Ou seja, pode construir uma casa que quando chovesse muito e podia ser muito mesmo não iria se danificar e nem gerar danos. E se por acaso fosse um “Toró”, como dizia minha vovozinha Suzana, e chegasse a ter alguma perda, o Governo agiria rapidamente para que tudo logo fosse solucionado. Provavelmente o Shustv Wasutojklvan não desenhou enchentes e fios da CEMIG espalhando choques pelo chão por que lá a INFRA-ESTRUTURA é invejável e ao invés de roubarem o dinheiro e cobrarem sempre mais dos contribuintes, eles fazem grandes obras viárias, sanitárias, energéticas, etc. e os bueros estão tampados “de modo que” o Pedrim não pode entrar.

Desse jeito a Chuva torna-se nossa amiga e não nossa inimiga abrindo espaço para que possamos nos voltar para os verdadeiros culpados de todos os estragos, assassinatos e depressões que andam ocorrendo por aí (muito aqui em Minas nesses últimos tempos): NÓS MESMOS. Nós que engolimos tudo que o Willham Bonner diz sem questionar, mas se o Galvão Bueno diz que foi pênalti contra o nosso time – putaz ashj0UHsaks. Se o Super disse que a Chuva mata e não a falta de planejamento eficiente e a precariedade das construções – e o que está por trás disso – aceitamos, mas se a Gostosona da capa não quer pousar pra Play Boy (isso é Substantivo masculino, não é?) aí questionamos.


Tudo bem, do jeito que as coisas estão já transformaram em vilão os Terremotos (que são mais vilões na Indonésia do que no Japão) e os Furacões, que de tão mal possuem até mais nomes – Tufões, Tempestades Intertropicais, Brisa e Cócegas. Nem sei se a Tia Edilamar de Artes ficará mais feliz também se algum dia ver uma criança desenhando um SOL muito dos mal, com a cara fechada e mandando raios para toda a parte do Mundo, sem cessar. Na certa é alguma criança do Sertão Semi-Árido Nordestino ou algum dos cientistas do IPCC de folga no parque.





Até...