Geografia é Amor!

O que é geografar senão falar de nós mesmos? Nós somos a Terra, o Céu, os Mares, as Casas. Somos nossa criação e o que fazemos dela. Nós somos o Espaço. Nós fazemos o Espaço. Então, deu certo... fomos nós. Se deu errado... também somos nós. O que é Geografar senão falar de nós mesmos.

sexta-feira, 18 de setembro de 2009

A CHUVA QUE MATA

Há alguns dias atrás dei de frente com jornais e revistas que tinham em suas capas estampada a maior assassina de todos os tempos: A CHUVA. Na verdade não sei quem foi que inventou os sexos das palavras, mas me ensinaram a aceitar tudo que a escola ensina calado e desde então não passei a questionar mais a língua portuguesa e as tediosas aulas de gramática, nem as gororobas servidas na cantina que diziam ser a merenda. Justamente por isso, e somente por isso, os senhores TERREMOTOS, VULCÕES e FURACÕES continuam sendo os maiores vilões da face da Terra, enquanto que as TEMPESTADES e TORMENTAS são as “Floras e Nazarés” da vida natural.


É lastimável isso. Não preciso dizer aqui o tanto que a mídia quer do nosso sangue, ou melhor, da nossa grana, e o quanto ela é “independente”. Deve ser mesmo, tanto “neutra” quanto a ciência produzida pelo Painel Intergovernamental de Mudanças Climáticas [uf! Que nome grande!], o famoso IPCC, e seus cientistas que projetam cada vez mais matérias de tablóides do que resultados pertinentes. Mesmo envolvidos em escândalos sabemos o quanto a ciência (e a mídia?) são neutras e não precisa do co-coordenador do grupo 2 do tal Painel Intergovernamental de Mudanças Climáticas [cansei, não falo mais isso...], Osvaldo Canziani, me lembrar através da mídia [Dom. 8/4/ 2007 Estado de São Paulo] que “lobby de países poluidores é legítimo, mas lembra que ciência se faz de forma independente”.

Não to nem aí se o Mundo está mudando ou não (pelo menos aqui neste texto) ou se a Chuva foi forte, se foi Tempestade, se foi o primeiro Furacão (o que a deslegitimava como substantivo feminino) no Brasil ou uma garoa paulistana digna de uma Bossa Nova de Ipanema (eu disse Bossa e não Bosta). Agora vamos pensar um pouco e, lembrando da Tia Adélia e suas tediosas aulas de Gramática na quarta série, passaremos a estudar com o Tio Flávio e as alegres aulas de Geografia do maternal, Geografando. Primeiramente responda essa pergunta: A CHUVA MATA?

De repente veio à sua mente as aulas de Artes com a Tia Edilamar na terceira série e os lindos desenhos de Sol que você fazia. Um Sol sorridente, com óculos escuros, pessoas felizes, etc. (costumam esconder a verdade sobre desigualdade social, guerra santa, CIA, Garrastazu Médice e outras coisas às crianças, mas fiquem felizes: em troca elas recebem muita XUXA). Mas nos seus desenhos devem estar lá também o dia de chuva, o céu cinza, a cara de mal da nuvem cuspindo raios e derrubando árvores, essas árvores caindo sobre a fiação, tornando migalhas portões e muros. E o ventos, sempre fortes tiravam telhas, abriam buracos nas casas que a esta altura já estavam todas inundadas, com jibóias, jacarés e peixes-espadas dividindo a lama com o seu mais novo equipamento de som, a cesta básica que o Tio Lula mandou e o para-casa do Junim, este pedido pela Tia Esperança para segunda-feira. Era tão forte e mal toda essa cena que até os estrondos dos trovões (masculino, por sinal) saiam do papel. Tirando o Pedrim que a essa altura da Chuva já foi levado pela correnteza e está dentro de um buero no Anel Rodoviário. Era de arrepiar.

Mas aposto que o Schanx Wasktovans, aluno do mesmo ano que você à época, natural de Stranburgo, Alemanha, não tinha os mesmos desenhos que o seu. Provavelmente a Chuva, e seus derivados, para ele não era tão má como noticiava o Super, o Aqui e Jornais Nacionais. A chuva era alegre, com raios brilhantes, ventos felizes soprados da Corrente do México e a grama molhada diante de ótima infiltração e percolação. Sabe por que? Por que seu pai (o pai dele, do Schiaud WastosNsiss lá em cima, não o seu) recebeu educação de verdade na escola e se deu bem na vida, assim como a maioria dos seus amiguinhos. Com isso conseguiu bom emprego com um bom salário.

Agora com instrução (Geografia, diga-se de passagem), condição financeira e, principalmente, com apoio do Governo ele pôde construir uma casa eficientemente condizente com a realidade sócio-natural em que está inserido. Ou seja, pode construir uma casa que quando chovesse muito e podia ser muito mesmo não iria se danificar e nem gerar danos. E se por acaso fosse um “Toró”, como dizia minha vovozinha Suzana, e chegasse a ter alguma perda, o Governo agiria rapidamente para que tudo logo fosse solucionado. Provavelmente o Shustv Wasutojklvan não desenhou enchentes e fios da CEMIG espalhando choques pelo chão por que lá a INFRA-ESTRUTURA é invejável e ao invés de roubarem o dinheiro e cobrarem sempre mais dos contribuintes, eles fazem grandes obras viárias, sanitárias, energéticas, etc. e os bueros estão tampados “de modo que” o Pedrim não pode entrar.

Desse jeito a Chuva torna-se nossa amiga e não nossa inimiga abrindo espaço para que possamos nos voltar para os verdadeiros culpados de todos os estragos, assassinatos e depressões que andam ocorrendo por aí (muito aqui em Minas nesses últimos tempos): NÓS MESMOS. Nós que engolimos tudo que o Willham Bonner diz sem questionar, mas se o Galvão Bueno diz que foi pênalti contra o nosso time – putaz ashj0UHsaks. Se o Super disse que a Chuva mata e não a falta de planejamento eficiente e a precariedade das construções – e o que está por trás disso – aceitamos, mas se a Gostosona da capa não quer pousar pra Play Boy (isso é Substantivo masculino, não é?) aí questionamos.


Tudo bem, do jeito que as coisas estão já transformaram em vilão os Terremotos (que são mais vilões na Indonésia do que no Japão) e os Furacões, que de tão mal possuem até mais nomes – Tufões, Tempestades Intertropicais, Brisa e Cócegas. Nem sei se a Tia Edilamar de Artes ficará mais feliz também se algum dia ver uma criança desenhando um SOL muito dos mal, com a cara fechada e mandando raios para toda a parte do Mundo, sem cessar. Na certa é alguma criança do Sertão Semi-Árido Nordestino ou algum dos cientistas do IPCC de folga no parque.





Até...